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Aos meus professores

15/out/21

19:15–20:25

Estourei o tempo porque realmente falar de ser professor é fogo. Não dá para escrever sem revisar mil vezes.

Hoje é o dia dos professores.

Dizer que sou muito grato aos meus professores por ser quem eu sou chega a ser redundante, de tão óbvio. Mas como diria o professor dos professores, o Meirelles, algumas coisas na vida são óbvias depois de ditas. Essa é a marca de um gênio — segundo ele, gênio que era.

Até hoje no programa de Engenharia de Métodos está lá escrito.

Em homenagem ao professor Luiz Antonio Meirelles.

E continuará assim por um bom tempo.

Acho que pela minha vida toda.

Vivo em homenagem ao Meirelles. Em homenagem a ele e a todos os professores que me fizeram ser a pessoa que sou. Eu hoje sou o espelho da junção das boas coisas que vocês me deram com algumas más coisas que eu mesmo trouxe para o jogo. Se aprendi alguma coisa ruim com meus professores deve ter sido com os botafoguenses. Felizmente eram poucos.

Hoje sou professor, e ser professor é diferente de ser qualquer outra coisa. Em 2018 e 2019 eu orientei o Pedro Grillo. O tema dele foi como arquitetos viam o trabalho: como emprego, carreira ou vocação. Se fosse sobre professores, os de verdade são todos por vocação. Como eu. A despeito das dificuldades.

E vamos falar de dificuldades contemporâneas.

Que ser professor no Brasil não compensa é uma obviedade tão ululante que não merece ser dita. É o óbvio antes de dito, e dizer coisas óbvias antes de ditas definitivamente não são a marca de um gênio.

Hoje vou tentar não falar do fato de que a carreira não compensa financeiramente e que possivelmente vai chegar um dia que (como muitos outros colegas já estão fazendo na UFRJ) eu vou desistir dela e (a) virar alguma coisa de alguma startup ou (b) ir para uma carreira na iniciativa privada ou (c) continuar professor só que fora do Brasil. Hoje eu devo ser a pessoa da minha turma da faculdade com o segundo menor salário. O menor é o do Léo, que entrou no concurso para professor depois de mim.

Vou deixar de lado as agruras financeiras por um momento, e falar de coisas boas. E as coisas boas de ser professor definitivamente são as pessoas com as quais se constróem laços. Laços, para usar Martin Buber, grande filósofo de quem aprendi com o Bartholo, podem ser do tipo Eu-Tu e Eu-Isso. E vice-versa.

Ontem recebi do Caio Laudares, que foi meu aluno da UERJ em 2009, uma foto dele, na pizzaria dele, no Leblon, tomando cerveja e lendo meu texto. Isso é mais gostoso do que a pizza da Oggi Pizza Napoletana — que é bem gostosa, fica a dica. Hoje a fortuna de ser professor é poder ter o Caio como pessoa diferenciada. Ele, como outros, viraram amigos, e não apenas alunos ou ex alunos. Mas há os que não viraram amigos, que ficam só na caixinha de ex alunos queridos mesmos, sem problemas, mas por quem tenho o maior respeito, carinho e admiração. E isso é a maior razão de ser professor. Ser professor permite ter uma caixinha cheia de Tus com quem tenho uma relação enriquecedora. E isso é para poucos.

E é a vaziez recente da caixinha que tem me matado nos últimos 2 anos, conjuntamente com a sensação de “PQP se não tivesse escolhido ser professor eu já tinha dinheiro para comprar minha casa”. Nada pior do que ter uma relação Eu-Tu com uma pessoa pra quem você é um -Isso. O que mais desagrada no ensino remoto de graduação, se eu pudesse resumir, é a falta de "Tus" com quem meu eu possa se relacionar. Antigamente havia uma piada que dizia 'o professor é carente e precisa de atenção'. Nada mais verdadeiro. Ensinar para "Issos" e não para "Tus", sobretudo no ensino superior onde atuo, faz se perguntar por que exatamente se está criando concorrentes, envelhecendo e se estressando com quem se relaciona transacionalmente com você, como se relacionaria com alguém que lhe presta um serviço, um motoboy, motorista de ônibus, guia turístico ou dentista. E no Zoom da graduação todo mundo é “Isso” para todo mundo, situação bem diferente da abundância de “Tus” que havia no presencial. Há poucos e raros “Tus” no remoto, muito raros, que são as honrosas exceções. No Zoom eu sou ”Isso“ para os ”Issos” que estão do outro lado. E, como diz Buber, a Issificação das coisas é o caminho para uma vida cinza e de plástico. O mundo só de relações Eu-Tu seria um saco pouco efetivo — imagina estabelecer uma troca profunda e prolífica com todo mundo o tempo todo? Mas o mundo só de relações Eu-Isso não é mundo. É uma tristeza fria e sem cor.

Infelizmente hoje está assim, sobretudo na graduação. Mas vai voltar ao presencial, espero. No lato sensu já tive experiências boas e ruins, no mestrado e doutorado felizmente com meus alunos só tenho Tus, mesmo com Tus que eu nunca vi presencialmente, como meus dois alunos de mestrado mais recentes.

Novamente. Não sou psicólogo e portanto não escrevo isso para você. Até porque não sou polícia da internet ou fiscal de comportamentos e pensamentos alheios. Eu descobri outro dia que sou ambivertido, ou seja, simultaneamente extrovertido e introvertido (FREAK, para ser mais preciso) e definitivamente a vida dos outros é para mim como é para qualquer outro introvertido: mega desinteressante, prefiro ler um livro ou ver um seriado. Então escrevo isso para mim. Gostaria muito de dizer aos meus professores, os que não falo todo dia, os que me influenciaram definitivamente a ser quem eu sou, que guardo deles uma relação Eu-Tu riquíssima. Eu sinto vontade de poder dizer aos meus professores de ensino médio e fundamental o quão importantes eles foram para que eu escolhesse o caminho que escolhi. A minha professora de matemática, Zaíra, que por muitos anos me ensinou a gostar da matemática e portanto influenciou diretamente a escolha da engenharia. O meu professor Sérgio de matemática de quinta e sexta série. A minha professora Glaíza de Química, que hoje dá aula na escola da minha filha. Eu não encontrei com ela lá, mas vi Glaíza outro dia na lista de professores e, bem, não tem muitas Glaízas dando aula de química no mundo. Alguns acham que professores bons são raros, mas para minha fortuna eles foram abundantes. Raros mesmo só os nomes, Glaíza, Zaíra, Leonil. Mas é o que eu sempre digo: quem se chama Édison Renato não pode falar do nome dos outros.

Pena que relações Eu-Tu dormentes vão se issificando na memória aos pouquinhos conforme vamos perdendo contato. Entendo. Talvez seja o mesmo sentimento que alguns de meus alunos mais antigos tenham comigo. A estes, agradeço, digo que sinto saudades, que tenho o maior orgulho quando vejo no LinkedIn um ser empreendedor, outra consultora, outra gerente. E aviso que, por enquanto, continuo tendo cabelo e que meu WhatsApp é o mesmo desde 2009.

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